Dicas de Sexo, Geral

Yoga Para Melhorar o Sexo Não Tem Nada a Ver Com Flexibilidade

Yoga Para Melhorar o Sexo Não Tem Nada a Ver Com Flexibilidade

Essa não é mais uma daquelas matérias de “Tente Essas Três Posições de Yoga Para Melhorar o Sexo”. Não, você não vai encontrar aqui os alongamentos que vão te transformar na próxima estrela do Kama Sutra. Mas vou compartilhar algo ainda mais poderoso: duas ferramentas do yoga que podem melhorar muitos aspectos da vida, incluindo o sexo.

Essas ferramentas são a respiração e a atenção plena.

Mas antes de mergulharmos nelas, vamos voltar um pouco para onde tudo começa: o cérebro. O prazer sexual depende do contexto. Você pode ser a pessoa mais flexível do mundo, capaz de fazer poses dignas de um contorcionista, e ainda assim ficar perdido em pensamentos durante o sexo.

O que quero dizer é que ser flexível não é o mesmo que ter prazer sexual. O yoga nos presenteia com a consciência corporal, ajudando a curar dores, aumentar a mobilidade e nos fazer sentir mais livres. Mas é preciso também aprender com as práticas de mindfulness para ter uma experiência sexual mais completa.

Porque, como mencionei, você pode ser super flexível na cama, mas ainda estar pensando:

“Será que foi estranho o que eu disse para o meu chefe hoje?”

“O que eu faço para o jantar?”

“Por que meu pênis está demorando para ficar ereto?”

“Será que meus seios parecem estranhos nessa posição?”

Como a Emily Nagoski nos ensina em seu livro “Cresça e Apareça”, esses pensamentos são normais e representam alguns dos “freios” que vivenciamos no sexo. Nagoski escreve:

“O problema não é o desejo em si, é o contexto. Você precisa de mais estímulos sexuais relevantes ativando o acelerador e menos coisas acionando o freio.”

Esse modelo de controle duplo (parar e seguir), segundo Nagoski, depende muito do contexto. Para acionar o acelerador, é preciso um ambiente de baixa tensão, seguro, de confiança e consensual. Mas o verdadeiro desafio é focar nos freios, que são mais ativos graças ao estresse crônico, aos padrões de beleza impostos pela sociedade, à vergonha do corpo, e à falta de aprendizado sobre como expressar o que queremos e precisamos — você sabe, o que enfrentamos no dia a dia.

E é aí que entra a verdadeira mágica do yoga. A mistura de consciência corporal, respiração e atenção plena pode nos ancorar no momento presente, permitindo que sintamos as sensações e aos poucos liberemos os freios.

Quer você esteja curtindo o sexo sozinho ou com parceiros, é importante lembrar que o sexo começa no cérebro. Se pudermos usar a sabedoria do yoga para acessar e treinar nossa mente, podemos abrir mais caminhos para o prazer.

No livro “Melhor Sexo Através da Atenção Plena”, Lori Brotto escreve:

“Acredito que a gestão do estresse e aprender a viver no momento presente são fundamentais para cultivar o desejo sexual. A meditação mindfulness, que reduz de forma consistente e significativa o estresse, pode ser o meio mais eficaz para alcançar a satisfação sexual.”

A respiração é uma bela porta de entrada para a atenção plena. Pausar para ouvir sua respiração fluindo pelo corpo pode acalmar os pensamentos que te desconectam. Existem várias técnicas de respiração que ativam o sistema nervoso parassimpático (descanso e digestão), que relaxam os músculos, desaceleram as ondas cerebrais e ajudam a nos sentir em paz. Quando ouvimos a respiração, naturalmente sentimos as sensações presentes. Isso nos ancora no agora, nos afastando da preocupação com o desempenho e nos conectando mais com o que estamos sentindo.

Jessica Fern fala sobre presença no seu livro “Polysecure”: “Estar presente não é apenas largar o celular por alguns minutos. É uma forma de ser, de interação em interação, onde você habita conscientemente seu próprio corpo e oferece sua atenção como um presente.”

Aqui estão algumas formas de praticar essas técnicas que você pode aplicar tanto no yoga quanto nos momentos íntimos com você mesmo ou com outras pessoas:

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  1. Respiração Diafragmática Profunda: Aprender a respirar do diafragma tem muitos benefícios. Além de reduzir o esforço ao respirar, isso desacelera a respiração, gasta menos energia e acalma a mente.
  2. Foque no Que Você Sente, Não no Que Parece: É fácil se comparar aos outros na aula de yoga. Lembre-se de que profundidade não é o quanto você consegue alongar, mas o quanto você está conectado com seu corpo.
  3. Perceba: Note quando você sai do seu corpo e começa a se comparar. O momento em que você percebe é o momento de se reconectar com o que é seu — seu corpo, suas sensações, sua respiração.
  4. Chame Suas Práticas de Mindfulness: Quando perceber que saiu do momento, como você se puxa de volta? Use os sentidos: o que você sente, saboreia, cheira, ouve, vê? Uma respiração profunda e lenta pode ajudar, assim como escanear seu corpo e perceber onde sente contração, leveza, vibração. Nomear e descrever sensações no seu corpo pode ser uma ótima forma de se ancorar no presente.

Com consentimento, comunicação, respiração e presença, você está no caminho para um prazer profundo e merecido.

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